O hormônio da saciedade virou medicamento e seus efeitos já estão sendo estudados desde que foi pela primeira vez comercializado para o tratamento do Diabetes. Mas, para entendermos como funciona o medicamento, antes é preciso entender o efeito do hormônio – que nosso corpo produz – e que ele tem ação similiar.
O Liraglutide é chamado tecnicamente de agonista do receptor do GLP-1. O GLP-1 é o hormônio que o nosso intestino libera quando detecta a presença de nutrientes no seu interior. Para facilitar, o GLP-1 é um hormônio que sinaliza para o nosso cérebro que há comida no interior do intestino e portanto, que estamos alimentados. Dessa forma, o cérebro ao receber esta informação, acaba inibindo os impulsos de fome e paramos de comer.
Para agir no nosso corpo, o GLP-1 precisa de um receptor, como se fosse sua fechadura, e ele fosse a chave. De um modo geral, os hormônios do nosso corpo funcionam assim: cada hormônio é um tipo de chave específica que tem sua própria fechadura.
O Liraglutide é, portanto, uma molécula sintética que age exatamente no receptor do GLP-1, ou seja, na fechadura do GLP-1. E, ao se ligar nela, causa os efeitos do hormônio no corpo, sem que estejamos alimentados. É um jeito de driblar a sensação de alimentação. Além disso, o Liraglutide age melhorando os níveis de glicose no sangue nos pacientes diabéticos por melhorar a liberação do hormônio insulina, daí seu uso inicial nos pacientes diabéticos.
Pois bem, o que ocorreu foi que, verificou-se que os pacientes diabéticos que eram tratados com Liraglutide perdiam peso e desenvolveu-se uma forma de administrá-lo agora em pacientes obesos, que foi recentemente aprovada pelo FDA e pela Comissão Europeia de Medicamentos. A perda de peso nos estudos tem variado entre 5 e 10% do peso corporal, em média.
No Brasil, a aprovação do Liraglutide para o tratamento da obesidade ainda está sendo avaliada pela Anvisa.