A venda de sibutramina continuará liberada no país. A decisão foi tomada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que analisou a substância durante todo o ano passado.
O relatório confirmou que o número de efeitos adversos está dentro do limite permitido e não houve abuso da prescrição, por isso decidiu não proibir sua comercialização.
A sibutramina é um inibidor de apetite e anorexígeno (medicamento que induz a anorexia). É indicada para pacientes que fazem tratamento contra a obesidade, quando apenas os exercícios e a dieta alimentar são insuficientes para perder peso.
De acordo com a Anvisa, a sibutramina ajuda a perder, no mínimo, 2kg de massa corporal em um período de apenas quatro semanas. O tratamento é indicado para quem tem Índice de Massa Corporal (IMC) igual ou acima de 30 e não sofre de doença cardíaca. O prazo máximo de utilização do remédio é de dois anos.
A médica endocrinologista Andressa Heimbecher é a favor da liberação da sibutramina e argumenta: “Eu acredito que a venda tem que continuar sim, mas tem que ter um controle, já que o remédio provoca ações diretamente no cérebro suprimindo o apetite.”
A sibutramina aumenta o efeito da serotonina e dopamina no cérebro, neurotransmissores responsáveis pelo prazer e sensação de bem-estar. Este mecanismo estimula o centro da saciedade, também localizado no cérebro, reduzindo a ingestão de alimentos e aumentando o gasto calórico. Ou seja, a pessoa come menos porque sente menos fome.
Ao deixar de tomar sibutramina os seus efeitos desaparecem e, portanto, a paciente volta para o seu consumo normal. O metabolismo é reduzido e o gasto calórico diminui, inclusive para menos do que era antes de consumir a substância. Assim, a tendência é a pessoa ganhar ainda mais peso. Essa regressão pode comprometer e muito a autoestima, causando até mesmo crises de depressão.
A sibutramina só fará o efeito esperado caso a pessoa siga hábitos alimentares saudáveis e exercícios físicos diários. Se a pessoa só toma o medicamento e não segue uma dieta regrada, de nada valerá a substância. “É importante dizer que o uso do medicamento no tratamento da obesidade pode trazer redução do risco para pacientes que não tenham a doença cardiovascular clinicamente estabelecida, podendo preveni-la ou impedir a sua progressão”, conta a médica.
Alguns pacientes já demonstraram reações adversas a essa substância. Entre elas aumento do apetite, má digestão, náuseas, dores pelo corpo, nervosismo, fraqueza, sinusite e rinite. “Nem todas as pessoas podem tomar medicamentos com essa substância. Os que possuem problemas com diabetes, colesterol, problemas cardíacos, idosos e crianças devem evitar.”
Vale ressaltar que a venda de sibutramina no Brasil vêm aumentando cada vez mais. Segundo relatório da IMS Health, instituto que faz auditoria na indústria farmacêutica, foram vendidos 578 mil medicamentos com a substância em 2005; em 2007 chegou a 2,8 milhões e em 2009, cerca de 6,9 milhões. “A sibutramina é indicada para pessoas obesas (e não as que estão somente acima do peso), pois evita problemas futuros como a diabetes e o colesterol, além de ser ótima para perda de peso”, orienta Dra. Andressa.
A questão é que ainda muita gente consegue comprar facilmente o inibidor pela internet, principalmente quem não é obeso, sem se preocupar com os vários efeitos colaterais, nem levar em consideração o estado de saúde.
Em 2011, a Anvisa baniu os emagrecedores à base de anfepramona, femproporex e mazindol, mais conhecidos como anfetamínicos. A sibutramina continuou liberada, mas com algumas restrições. Pacientes e médicos devem assinar um termo de responsabilidade, apresentado junto com a receita na hora de efetuar a compra.
“Há dois anos um estudo acabou gerando uma polêmica na Europa: ele concluiu que a sibutramina piorava a condição cardíaca das pessoas. Mas essa piora só aconteceu em quem já apresentavam problemas de pressão e de frequência cardíaca antes de ingerir essa substância, que foi suspensa por lá”, explica a médica.
Em março deste ano, o diretor-presidente da Anvisa Dirceu Barbano disse que não havia motivos para proibir a venda da sibutramina, já que todos os estudos feitos pela agência reguladora não indicaram aumento no uso da substância.
Foto: Mark Karrass/Corbis
Fonte: Bonita Sempre