26/11/2013
Pé diabético pode se agravar rapidamente e causar amputação dos membros
Assim que uma pessoa descobre que tem diabetes, alguns cuidados precisam ser tomados. Além do exame de fundo de olho para avaliação da retina e do exame de urina para dosagem de proteínas, também é essencial o cuidado com os pés.
O diabetes é uma doença que afeta os vasos sanguíneos, tanto os grandes quanto os pequenos. Nossos nervos, que podem ser entendidos como pequenos fios elétricos que vão transmitir informações de calor, dor, frio ou pressão para o nosso cérebro, precisam receber sangue com oxigênio para funcionarem bem. No caso do diabetes, existe uma diminuição do oxigênio que chega aos nervos através de pequenos vasos sanguíneos, e também ocorre a formação de um processo inflamatório, ambos levando ao mau funcionamento dos nervos.
Devido a este mau funcionamento, alguns pacientes terão perda da sensibilidade, geralmente nos pés e mãos, chamada neuropatia em bota ou em luva. Enquanto outros podem ter um aumento de sensibilidade, determinando dor ou queimação em determinadas regiões do corpo. No diabetes, vários nervos do corpo podem ser afetados, como o nervo de controla o esvaziamento do estômago, causando um quadro chamado de gastroparesia – ou seja, uma diminuição da força de contração do estômago.
Quando a neuropatia diabética acomete os pés, é chamada de pé diabético. Estima-se que cerca de 15% dos pacientes com diabetes vão desenvolver alterações nos pés, sendo a mais preocupante a formação de úlceras, pois elas podem progredir para amputação do pé ou perna.
Mas como isso acontece?
Com a perda da sensibilidade, o diabético passa a não sentir pequenos machucados nos pés, como os causados por um sapato apertado ou a costura de uma meia. Há casos extremos em que pacientes diabéticos não sentiram a formação queimaduras nos pés quando pisavam em um chão quente perto de piscinas. Os machucados são a porta de entrada para bactérias e, juntando a isso a dificuldade de cicatrização que faz parte do diabetes, o resultado muitas vezes pode ser a amputação devido a uma infecção local ou generalizada.
Os dados estatísticos são alarmantes: o diabetes é a causa mais frequente de amputações não traumáticas de membros inferiores, ou seja, amputações que não são por acidentes. Também se sabe que cerca de 85% das amputações são iniciadas pela formação de úlceras, e pior ainda, aproximadamente 14 a 20% dos pacientes com ulcerações serão submetidos a amputações.
Existe solução?
Sabemos que alguns diabéticos tem uma tendência maior de desenvolver problemas nos pés. Mas alguns fatores vão implicar em maior risco: níveis elevados de glicose e hemoglobina glicada, sinalizando ruim controle da doença, predispõem a mais complicações. A falta de cuidados com os pés também ocasiona problemas. É importante que o diabético tenha muita atenção ao cortar as unhas dos pés, mantenha-os aquecidos e protegidos sempre, além de escolher sapatos confortáveis.
Uma boa dica é ter no banheiro um pequeno espelho, que possa ser usado para ver a sola dos pés e entre os dedos, todos os dias após o banho. Caso apareçam micoses ou pequenas lesões, o médico precisará ser avisado. Ao tratarmos precocemente qualquer problema nos pés, evitamos as amputações e podemos mudar este cenário tão triste sobre o diabetes e os pés.
Referências:
http://www.endocrino.org.br/10-coisas-que-voce-precisa-saber-sobre-pe-diabetico/
http://www.diabetes.org.br/diabetes-baseado-em-evidencias/2094-avaliacao-do-pe-diabetico-no-brasil–analise-critica