15/10/2013

Entretanto, o aparelho não dispensa a medidas de glicemia contínuas

Do tamanho de um celular, a bomba de insulina é um equipamento que controla a infusão de insulina de forma continuada durante 24 horas. É mais uma forma de tratamento do diabetes, usada principalmente no diabetes tipo 1: gestantes, crianças, bebês e pacientes que apresentam grandes variações da glicemia (hipoglicemias – açúcar no sangue baixo e hiperglicemias – açúcar alto) são os mais beneficiados pela bomba de insulina. A Associação Americana de Diabetes (ADA) sugere que todo paciente com diabetes que esteja motivado a assumir com responsabilidade o tratamento pode ser candidato à bomba de insulina.

Como é a bomba de insulina?

A bomba contém um compartimento interno de armazenamento de insulina. Nela é utilizada a insulina ultrarrápida (lispro ou asparte), que é infundida no subcutâneo lentamente em microdoses por meio de um cateter. Dentro do equipamento existe um sistema computadorizado interno, que é programado pelo médico assistente, no qual é possível inserir a quantidade de insulina que será necessária para as 24 horas do dia.

A bomba é acoplada a uma cânula, que é um cano plástico bem fino e longo pelo qual a insulina será bombeada para o subcutâneo da pessoa. Na ponta da cânula fica um cateter (uma pequena agulha flexível de plástico) que é inserida no subcutâneo do paciente. Para proteger e fixar o cateter, existe uma pequena proteção de plástico que fica presa à pele por um adesivo. O cateter deverá ser trocado a cada três dias e o conjunto cânula e cateter a cada seis dias. A insulina do reservatório deverá ser trocada tão logo ela acabe. A bomba é feita para ser utilizada nas 24 horas do dia, porém para o banho pode ser feita uma pausa e ela poderá ser desacoplada momentaneamente.

Quais são as vantagens?

A grande vantagem do uso da bomba de insulina é que ela simula o funcionamento do pâncreas normal. Na pessoa sem diabetes a insulina do pâncreas é liberada de duas maneiras: a primeira, chamada de secreção basal, consiste de uma quantidade pequena para controlar a glicemia entre as refeições. A segunda é chamada de secreção em bolus e acontece nas refeições, quando o pâncreas libera uma quantidade maior de insulina para reduzir a glicemia devido à glicose que é ingerida na alimentação. Com a bomba de insulina existe a possibilidade de controlar a entrada de insulina em forma basal e na forma de bolus.

Existe ainda uma terceira opção, que é quando a pessoa mede a glicemia capilar com o glicosímetro e percebe que os níveis de glicose estão elevados. Nessa situação é possível programar a bomba para infundir uma quantidade maior de insulina para corrigir a alteração. Outra vantagem do uso da bomba é a flexibilidade da dose e a possibilidade do controle mais preciso da glicemia. No entanto, como a bomba não se autorregula, é preciso que mais medições da glicemia capilar sejam feitas para então fazer os ajustes quando necessário.

E quais são as desvantagens?

Quando uma pessoa com diabetes pensa em bomba de insulina, a primeira ideia é a de que o número de injeções irá reduzir muito, o que é uma verdade, pois as injeções de insulina são substituídas pela infusão contínua através do cateter. No entanto, o número de medidas da glicemia capilar para verificação da glicose geralmente continua o mesmo e em alguns casos podem ser necessárias medidas extras para regular a taxa de infusão da bomba.

Para que a bomba de insulina funcione como uma aliada do tratamento, é importante que a pessoa faça a manutenção regularmente do aparelho, faça o treinamento de uso e acompanhe frequentemente com o médico e o enfermeiro responsáveis. O uso incorreto da bomba pode causar mais danos que ajudar a controlar o diabetes. No Brasil, infelizmente, uma desvantagem é o alto custo do aparelho e da manutenção, que muitas vezes torna difícil para a maior parte da população realizar este tipo de tratamento.

Existe bomba de insulina que dispense as medidas de glicemia?

No Brasil existem bombas de insulina de dois fabricantes: Laboratório Medtronic e Laboratório Roche. Algumas bombas apresentam um software programado para receber o registro da glicose sanguínea. Esse registro é feito por um aparelho chamado CGMS, que é uma sigla em inglês para sistema de monitoramento de glicose contínua.

O CGMS é um pequeno aparelho que é inserido no subcutâneo e capta a concentração de glicose no local, transmitindo a informação para a bomba de insulina. O sensor permanece no mesmo local por cerca de uma semana quando então precisará ser trocado. No entanto, para o uso de CGMS é importante que se façam também as medidas da glicemia capilar, para comparar com as medidas captadas no subcutâneo pelo CGMS. Dessa forma, mesmo com o uso do CGMS não é possível abolir definitivamente o controle da glicemia pelo glicosímetro.

Referências

The Effect of Intensive Treatment of Diabetes on the Development and Progression of Long-Term Complications in Insulin-Dependent Diabetes Mellitus;
The Diabetes Control and Complications Trial Research Group N Engl J Med 1993; 329:977-986September 30, 1993DOI: 10.1056/NEJM199309303291401;
Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes 2012-2013;
National Institute of Diabetes and Digestive and Kidney Diseases

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